Já imaginou acordar com o som das ondas no litoral do Chile, caminhar pelas ruínas incas no alto dos Andes peruanos e terminar o dia compartilhando histórias com viajantes de todo o mundo em um hostel em Buenos Aires? Um mochilão pela América do Sul não é apenas uma viagem — é uma transformação. Com paisagens deslumbrantes, culturas vibrantes e uma diversidade que vai do deserto ao trópico, o continente oferece uma das experiências mais ricas e acessíveis para quem quer explorar o mundo com pouco dinheiro e muita curiosidade.
Mas, como qualquer grande aventura, um mochilão bem-sucedido exige mais do que só coragem e uma mochila nas costas. Planejamento, flexibilidade e conhecimento são os verdadeiros combustíveis dessa jornada. Neste artigo, você vai descobrir o passo a passo definitivo para organizar seu mochilão pela América do Sul — desde os primeiros cliques na pesquisa de passagens até os momentos inesquecíveis que só a estrada pode proporcionar. Vamos falar de orçamento, roteiro, segurança, transporte, hospedagem, cultura local e muito mais. Prepare-se: sua próxima grande aventura começa aqui.
1. Defina seu orçamento (e respeite-o!)
Antes mesmo de escolher os destinos, é essencial entender quanto você pode gastar. Um dos maiores mitos sobre mochilão é que ele é “barato demais para precisar de planejamento”. A verdade? Viajar com pouco exige mais planejamento, não menos.
Comece respondendo a algumas perguntas básicas:
- Por quanto tempo pretende viajar?
- Quais países quer visitar?
- Qual seu estilo de viagem: mais econômico ou com alguns confortos extras?
Com base nisso, estabeleça um orçamento diário. Como referência, em 2025, um viajante econômico consegue viver com:
- R$ 80–120/dia na Bolívia ou Paraguai
- R$ 120–180/dia no Peru, Colômbia ou Equador
- R$ 180–250/dia na Argentina ou Chile
Esses valores incluem alimentação, hospedagem em hostels, transporte local e algumas atrações. Lembre-se de reservar uma margem de segurança (cerca de 15–20%) para imprevistos — como uma mudança de rota, uma emergência médica ou aquele passeio inesperado que vale cada centavo.
Dica prática: Use aplicativos como Trail Wallet ou Trabee Pocket para registrar seus gastos diários. Isso ajuda a manter o controle sem virar uma planilha chata.
2. Escolha seus destinos com inteligência

A América do Sul tem 12 países — e todos merecem uma visita. Mas tentar ver tudo em uma única viagem é um convite ao esgotamento (e ao estouro do orçamento). Em vez disso, foco é seu melhor aliado.
Comece listando o que mais te atrai:
- Natureza selvagem? (Patagônia, Amazônia, Pantanal)
- História e arqueologia? (Machu Picchu, Tiwanaku, Cartagena)
- Vida noturna e gastronomia? (São Paulo, Bogotá, Lima)
- Praias e ilhas? (Fernando de Noronha, Ilha de Páscoa, Ilhas Galápagos)
Depois, pense na logística. Países vizinhos costumam ter rotas terrestres mais baratas e frequentes. Por exemplo:
- Brasil → Argentina → Chile → Peru forma um circuito clássico e eficiente.
- Colômbia → Equador → Peru é ótimo para quem quer explorar a costa oeste.
Evite pular de um extremo ao outro do continente — isso consome tempo e dinheiro com voos caros. Menos países, mais profundidade, costuma ser a fórmula de quem volta com histórias reais, não só selfies.
3. Planeje seu roteiro com flexibilidade
Um bom roteiro é como um mapa: mostra o caminho, mas não impede que você siga um atalho encantador. Comece montando uma linha do tempo básica, com datas de entrada e saída de cada país e cidades-chave. Mas deixe espaço para o imprevisto — e para o descanso.
Muitos mochileiros esquecem que viajar todos os dias é cansativo. Inclua dias de folga a cada 7–10 dias de deslocamento. Esses momentos permitem:
- Recarregar as energias
- Lavar roupas (sim, isso é essencial!)
- Conhecer melhor um lugar sem correria
- Fazer novos amigos na hospedagem
Além disso, pesquise épocas ideais para visitar cada destino. Por exemplo:
- Evite a Amazônia na estação chuvosa (dezembro a maio)
- A Patagônia é mais acessível entre novembro e março
- O Carnaval no Brasil é mágico, mas tudo fica mais caro e lotado
Use ferramentas como o Google My Maps para visualizar seu roteiro e ajustar distâncias. E lembre-se: roteiro não é prisão. Se você se apaixonar por uma cidade, fique mais um dia. A estrada recompensa quem sabe ouvir seus próprios desejos.
4. Escolha suas hospedagens com consciência
Hostels são a alma do mochilão — mas nem todos são iguais. Felizmente, plataformas como Hostelworld, Booking e até o Airbnb (para quartos compartilhados) facilitam muito a escolha. Ao avaliar uma hospedagem, preste atenção a:
- Avaliações recentes (especialmente sobre limpeza e segurança)
- Localização (próximo ao centro ou transporte público?)
- Preço por noite (comparado à média local)
- Atividades oferecidas (jantares comunitários, tours, happy hours)
Em cidades maiores, como Lima ou Santiago, vale a pena pagar um pouco mais por um hostel bem localizado — você economiza tempo e dinheiro com transporte. Já em vilarejos remotos, como Huaraz (Peru) ou San Pedro de Atacama (Chile), opte por lugares com cozinha compartilhada: cozinhar suas refeições reduz drasticamente os custos.
Dica extra: Muitos hostels oferecem descontos para quem reserva diretamente pelo site deles — e não pelas plataformas. Vale perguntar!
5. Transporte: como se mover sem perder a cabeça (nem o dinheiro)

Aqui está um dos maiores desafios do mochilão sul-americano: como se locomover de forma barata, segura e eficiente. A boa notícia? Existem opções para todos os estilos.
Ônibus são a espinha dorsal do transporte terrestre no continente. Empresas como Cruz del Sur (Peru), Pullman Bus (Chile) e Flecha Bus (Argentina) oferecem viagens noturnas com assentos reclináveis — perfeitas para economizar uma diária de hospedagem. Compre passagens com antecedência em sites como Recorrido.cl ou Plataforma10.com para garantir os melhores preços.
Para distâncias maiores (ex: Santiago a Buenos Aires), voos low-cost podem ser surpreendentemente baratos. Companhias como Sky Airline, JetSMART e Viva Air frequentemente têm promoções com passagens a partir de US$ 30–50. Use comparadores como Google Flights ou Skyscanner e ative alertas de preço.
E não subestime o transporte local: metrôs, ônibus urbanos e até bicicletas compartilhadas são ótimos para explorar cidades sem gastar muito. Em muitos lugares, cartões de transporte recarregáveis (como o SUBE na Argentina ou o BIP! no Chile) são obrigatórios — e mais baratos que comprar bilhetes avulsos.
6. Segurança e saúde: viaje com tranquilidade
Viajar pela América do Sul é, na maioria dos casos, seguro — desde que você use o bom senso. Evite exibir objetos de valor, ande com cópias dos documentos (deixe os originais no cofre do hostel) e mantenha um olho na mochila em locais movimentados.
Alguns cuidados essenciais:
- Seguro viagem: obrigatório em alguns países (como Equador) e altamente recomendado em todos. Custa menos de R$ 10/dia e cobre desde gastroenterites até acidentes graves.
- Vacinas: febre amarela é exigida em vários países. Verifique as exigências no site da Anvisa antes de viajar.
- Água: em muitos lugares, não beba água da torneira. Prefira garrafas lacradas ou use filtros/portáteis como o LifeStraw.
Conheça os números de emergência locais (geralmente 112 ou 911) e salve-os no celular. E, acima de tudo, confie na sua intuição. Se algo parecer suspeito, mude de rota. Sua segurança vale mais que qualquer foto.
7. Imersão cultural: viaje com respeito e curiosidade
Um mochilão autêntico vai além dos pontos turísticos. É sobre conectar-se com as pessoas, os sabores, os ritmos e as histórias locais. Isso começa com pequenas atitudes:
- Aprenda palavras básicas em espanhol (ou guarani, quéchua, aimará, dependendo do lugar). Um simples “buenos días” abre portas.
- Experimente a comida de rua — é barata, saborosa e uma janela direta para a cultura.
- Participe de festivais locais, feiras artesanais ou aulas comunitárias (muitos hostels organizam essas atividades).
- Respeite os costumes: em comunidades indígenas, por exemplo, peça permissão antes de tirar fotos.
Lembre-se: você é um convidado, não um espectador. Viajar com humildade e curiosidade transforma turistas em viajantes — e momentos em memórias duradouras.
8. Documentos, vistos e burocracias: não deixe para a última hora
Felizmente, a maioria dos países sul-americanos não exige visto para brasileiros (e vice-versa para muitos sul-americanos no Brasil). Mas há exceções importantes:
- Venezuela: exige visto prévio
- Guiana, Suriname e Guiana Francesa: têm regras específicas — verifique antes
- Peru, Chile, Argentina, Colômbia, Equador, Uruguai, Paraguai, Bolívia: entrada permitida com apenas RG ou passaporte válido
Mesmo sem visto, você precisará de:
- Passaporte com validade mínima de 6 meses
- Comprovante de saída do país (às vezes exigido na imigração)
- Seguro viagem (em alguns casos)
Faça cópias digitais e físicas de todos os documentos. E, se for ficar mais de 90 dias em algum país, pesquise sobre vistos de longa duração ou extensões de permanência.
Conclusão
Um mochilão pela América do Sul é muito mais do que uma sequência de destinos marcados no mapa. É uma jornada de autoconhecimento, conexão e descoberta — onde cada ônibus lotado, cada conversa com um local e cada pôr do sol inesperado te ensina algo novo. E o melhor? Você não precisa ser rico, fluente em cinco idiomas ou um aventureiro extremo para embarcar nessa. Só precisa de planejamento, abertura e coragem para dar o primeiro passo.
Neste artigo, você viu como definir um orçamento realista, escolher destinos com inteligência, montar um roteiro flexível, encontrar hospedagens seguras, se locomover com eficiência, cuidar da saúde, respeitar as culturas locais e resolver a burocracia sem dor de cabeça. Agora, tudo o que falta é você.
Então, o que está esperando? Pegue seu caderno, abra um mapa e comece a sonhar — mas desta vez, com um plano na mão. A América do Sul está te chamando. E ela nunca decepciona.
E você? Já fez um mochilão pelo continente? Quais dicas daria a quem está começando? Compartilhe sua experiência nos comentários — sua história pode inspirar o próximo viajante! 🌎🎒

Henrique Santos é um eterno curioso que transformou sua paixão por viagens, gastronomia e liberdade em estilo de vida. Com a mochila nas costas e um olhar atento para os detalhes, ele busca não só descobrir novos destinos, mas também entender como viver com mais propósito, autonomia financeira e crescimento contínuo. Para Henrique, cada viagem é uma oportunidade de aprendizado, cada prato, uma história, e cada escolha, um passo rumo ao autoaperfeiçoamento.






